2.24.2009

O Estado e o Terror?




Pois. Pois é. Obama chegou, a crise ta ai, eu estava feliz, mas veio Israel e matou tato que tirou toda a inspiração que eu tinha para continuar a escrever. Agora é carnaval, "Não me diga mais quem é você...", fiquei em casa, aluguei uns filmes e estou muito satisfeito! A obrigação de estar feliz ou pelo menos de ter de compartilar a euforia coletiva me irrita. E a cidade de São Paulo fica muito mais agradável quando está vazia. Para voltar a falar um pouco sobre guerra, me deparei hoje com um pedaço de texto escrito por Friedrich Nietzsche, que é curioso: se não fosse assinado, poderia pensar que fosse uma análise jornalística contemporânea sobre o Estado na geopolítica atual da "guerra contra o terror" e seus ataques preventivos - aquela dO Inimigo espectral, sem centro, invisível, fantasmático, perigoso e sem sentido:

Nenhum governo admite mais que mantém um exército para satisfazer ocasionalmente o desejo de conquista. Antes, o exército supostamente serve para a defesa, e invoca-se a moralidade que aprova a legítima defesa. Mas isso envolve a moralidade própria e a imoralidade do vizinho; pois é preciso que seja o vizinho ansioso para atacar e conquistar afim de que nosso Estado pense em meios de legítima defesa. Além disso, as razões que damos para a necessidade de um exército implicam que nosso vizinho, que nega o desejo de conquista tanto quanto nosso estado e que, por sua vez, também só mantém um exército por questões de legítima defesa, é um criminoso hipócrita e astucioso que simplesmente gostaria de sobrepujar sem luta uma vítima inofensiva e desajeitada. Portanto, agora, todos os Estados se alinham uns contra os outros: pressupõem as más intenções do vizinho e suas próprias boas intenções. Entretanto, esse pressuposto é inumano, tão mau quanto a guerra e até pior. Fundamentalmente, de fato é ele mesmo o desafio e a causa das guerras, porque, como disse, atribui imoralidade ao vizinho e, portanto, provoca intenções e atos hostis. Devemos abjurar tão completamente a doutrina do exército como meio de legítima defesa quanto o desejo de conquista.