11.27.2008

Tim Maia canta "Acenda o Farol" - 1978

EIS O ESTILO DO REI




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53º Congresso Internacional de Americanistas



Fui convidado pelos meus amigos Mitia e Pablo Barbosa para escrever um artigo em conjunto e participar, quem sabe, do 53º Congresso Internacional de Americanistas.

O tema da nossa proposta envolverá o acesso ao patrimônio genético e aos conhecimentos tradicionais associados, e os direitos de comunidades indígenas e locais no Brasil (seguindo um excelente trabaho de Teresa Cristina Moreira).

Isto não é só uma exposição da minha boa notícia, mas é também um aviso: Mitia, Pablo, vamos escrever e ir pro México, rever nossos amigos.

Se não formos, teremos aprendido, e bastante!

Professores e colegas do ICS: depois dessa, voltarei e terminarei meu mestrado. Tenham certeza.

Juntos



Juntos, Ian, Marie e Richard O. viveram intensamente: eles se amaram, viajaram e detestaram o mundo. Sempre à procura de novos elixires, eles mergulharam num erotismo que preenchia o vazio de seus seres. Ao quebrarem as regras quotidianas do estado normal, eles se abriram em buscas desenfreadas por pulsões de vida. Ao se conhecerem cada vez melhor, foi aos poucos que eles acabaram por desenvolver capacidades jovens, hedonistas, destrutivas e prazerosas que os levariam num turbilhão de estórias sem fim. Cada desafio era uma quebra de limites. Uma espécie de consciência da morte em vida os uniram no esforço de libertação: o esforço de não temerem cada um a si mesmo. Isto tudo aconteceu. Até um certo ponto.

No dia seguinte àquela festa de fim de ano, Richard O. acordou com uma tremenda ressaca. Ele estava sozinho numa cama até então desconhecida com lençóis azuis desarrumados. Era a cama de Marie, no quarto de Marie, com o cheiro de Marie, e a sua ereção lhe lembrava a longa noite de sexo passada com Marie, das tentativas, dos gozos, do gosto da pele e dos olhares, trocados até o dia amanhecer. O barulho do chuveiro acalmou Richard por alguns instantes, mas a imaginação começou a tomar controle de seu corpo. Ele levantou da cama, e com passos discretos e silenciosos atravessou o quarto em direção ao banheiro. Encostando o ouvido na porta, Richard distinguiu todos os movimentos de Marie. O cheiro de baunilha discriminava a passagem diluída do sabonete líquido que Richard queria ter em mãos. O som do xampu aberto o fez sonhar ainda mais alto. Sua vontade era a de abrir a porta e entrar apaixonado, mas ele teve medo. Quando Marie fechou o chuveiro ele não soube esperar, e voltou com passos leves para a cama, como se estivesse apagando seus traços secretos. Deitou deitou para fingir que estava dormindo, confiando na sua própria esperteza, ingênua, e para esperar que ela voltasse nua do chuveiro para acordá-lo. Marie ouviu os passos de Richard ao desligar o chuveiro, pois, atenta, ela também tinha esperado que ele entrasse. Ela riu depois de um susto, mas ele não ouviu. Marie olhou-se no espelho e se achou linda, depois foi para o quarto com um pouco de coragem. Enquanto se secava e perfumava, ela contemplou o corpo magro do rapaz. Ela então inclinou-se para beijar um rosto sem barba. Richard pensava apenas em esconder sua ereção e euforia, coisas das quais tinha vergonha, e ensaiou um acordar muito mal espreguiçado. Ao abrir os olhos ele viu Marie já vestida, e seu desencanto não deixou disfarces. O coração de Marie quis agradecer todo o esforço dócil do rapaz, pelos gestos carinhosamente mentirosos, pelo seu teatro infeliz. Mas ela apenas disse: ... (continua)

11.19.2008

ESCREVENDO UM LIVRO



Me sinto pequeno nesta selva de pedras
Mas meu coração é grande, e me protege.
A saudade eu guardo sempre,
No meu sangue português.
Vou juntando os cacos espalhados das minhas identidades

Esta encruzilhada de universos já não me assusta mais.
Viver uma segunda vez é ter a plena consciencia de ser um verme
De que morrerei um dia
E que escreverei,
um livro.

Quero abraçar minhas pessoas,
andar pelo deserto e ter filhos.
Mas antes disto comecei,
pelo começo:
O livro se chama DESENCONTROS

Um abraço à todos e boa leitura...
(o livro não começa exatamente assim. Isto é um pequeno enxerto, uma degustação)




A fita parou de rodar.
Era preciso, mais uma vez, trocar de lado ou mesmo de fita, mas Ricardo, ao ouvir pela anésima vez a voz de Isabel, sentia-se afogado para sempre na amargura. E não sabia bem o que fazer. Ricardo Maestro nunca quis ser delegado. Mas agora, mais do que nunca, ele sentiu esta necessidade. Seu escritório escuro, com persianas fechadas, localizava-se no departamento de polícia científica, o quinto andar de um prédo sujo no centro da cidade de São Paulo. Ele não dormia mais em casa. Ou simplesmente, não dormia mais. Suas olheiras, também escuras, apontavam na direção de um cinzeiro abarrotado de bitucas que impestavam o tal andar com o cheiro das cinzas, consumidoras de seus pulmões. Aos sessenta e quatro anos de idade ele já não sonhava mais com a sua aposentadoria. As fotografias de uma família perdida se misturavam com pilhas de recortes de jornal, e uma coleção de fitas-cassetes que não eram dele. Estas fitas tornaram-se a sua única osbessão. Ele estava cansado, e suas costas doloridas lhe lembravam o peso sentido em ombros que suportavam o mundo. Ele se lembrava da militância estudantil, do quinto ato institucional implantado pelo regime militar brasileiro, em 1968, das clandestinidades, e do seu envolvimento na luta armada para derrubar o poder. Mas não lembrava agora porque é que ele tinha se tornado delegado de polícia. E era o que ele estava se perguntando. Porque? Mas isto era uma distração momentânea. Sua preocupação maior era outra. Sua última missão na terra, o motivo das suas respirações, era passional. Era o de encontrar o paradeiro de um assassino. O assassino da sua filha.

Richard O. sentia-se pleno naquela noite de verão em São Francisco. Pleno porém tonto. As anfetaminas misturadas num uísque roubado pelo seu amigo Ian estavam resultando em efeitos indesejáveis para o seu cérebro endiabrado. Era começo de lua cheia numa cidade de férias, e a festa de fim de ano colegial estava só por começar. Apesar da maconha e daquelas outras drogas já esquecidas, Richard O. estava convencido de que sua confusão estava sendo causada pelas luzes ofuscantes do estrobo, enquanto ele procurava no meio de uma multidão de vultos dançantes, a linda Marie Jackson. Marie estava na classe de Richard, e já faziam três anos que ele estava apaixonado por ela. Foram três noites durante os quais Richard contemplou, com as mãos no queixo e olhares distantes, a imaginação fertilizante de um dia levantar o vestido azul de Marie, de preferência sem as mãos. Suavemente. Devagar. O levantar da saia durou, quem sabe, estes três anos. Isto tudo resultou num beijo no começo desta noite. Mas Marie não voltava do banheiro e agora Richard estava aos empurrões à sua procura. Ele só tinha esta preocupação. Era a de acalmar seu coração que estava prestes a explodir, por conta de dois eternos venenos: a droga e a paixão. Na flor da idade, o jovem ambicionava, além do coração da moça, um ingresso numa boa faculdade, e estudar química. Mas no final daquela noite Richard conquistaria seu primeiro sonho: Marie tiraria, finalmente, o seu vestido azul.

Um falcão planava por entre as colinas de Yucatán. Ao longe, sentado numa rocha, o índio Gonzáles soltava baforadas de seu cachimbo curto, acompanhando com olhos finos e perspicazes as rondas horizontais daquela ave. Ele já tinha vomitado os últimos resquícios rituais de peyotes colhidos no deserto mexicano. Ele não tinha nenhuma preocupação. Calmo, enquanto entoava cantos baixos de louvor aos deuses mortos, ele acariciava um livro antigo de capa dura, que continha imagens indecifráveis, deixadas por seus antepassados, e retransmitidas por cada geração de sua descendência. Momentos antes disto, sua alma tinha-se envolvido em transes que o fizeram ver chamas que ardiam um templo rodeado por armaduras de bronze e machados cravados em cabeças de animais selvagens. Sua luta foi constante e solitária. Terminou com um grito. Seguiram-se relâmpagos e trovoadas que fizeram o céu chorar em cima das colinas agora vigiadas pela ave lançada por Gonzáles. Os clarões assustadores tinham-no lembrado um sinal recebido na infância, pois eles tinham as mesmas proporções daquele dia em que, quando pequeno, Gonzáles tinha encontrado um livro com imagens estranhas, enterrado nos fundos do quintal onde trabalhava seu avô. Ele não esperava nada. Sabia que, em breve, a ave voltaria da caça.

O caro leitor deve estar se perguntando o que estas três pessoas têm em comum. Elas não têm nada em comum. Eles também não sabiam que, um dia, iriam se encontrar.

11.11.2008

Comemoração do Armistício de 11 de Novembro de 1918



Esta foto foi tirada no inferno de Verdun, batalha hoje simbólica na história, que contou com a participação de esforços mundiais em 1916 para jogar um milhão de corpos mortos no meio de um lamaçal coberto de ratos e bombas. As famílias e amizades perdidas não são contabilizáveis. Nem a nossa sensibilidade é.

Depois do armistício veio o balanço, pelo qual ainda estamos a pagar.

Os países ocidentais se jogaram numa guerra suja contra os soviéticos, não tanto por estes terem se tornado a vanguarda comunista mundial, mas também porque as potências burguesas se sentiram traídas pelo pacto unilateral de paz assinado por Trotsky em Brest-Litovsk, em 1917.

Países participantes mais fracos perderam suas repúblicas e outros regimes moribundos para construírem seus fascismos, que em certos casos, como na Península Ibérica, atravessariam o século XX.

O bolo Africano, acabado de sair do forno aristocrata, fora redividido para alimentar panças mais francesas, mais belgas e mais inglesas. Quanto ao novo bolo que estava saindo, que era o da repartição arbitrária do leste europeu, este semeou guerras futuras, como em Africa, por conta dessas histórinhas de Estado-Nação. Para o leitor desavisado, já ouviram falar em Sarajevo? E em Kosovo?

Um tratado chamado de Versalhes jogou a Alemanha na miséria, que para se salvar tornou-se o covil das duas palavras que foram causa e motivo da segunda guerra mundial: Adolf Hitler.

Porém, para o leitor, não era isto que eu queria deixar.
Eu só queria pedir, primeiro, um minuto de silêncio.

E depois, para todos, eu dou Boris Vian

11.07.2008

UM CANTO À JUVENTUDE ITALIANA



Jovens italianos... por favor!

não esperem demais...

desesperem!

Jovens italianos
só não se esqueçam.

Da cultura italiana
Da comida, dos etruscos, dos latinos, troianos, sicilianos, do sexo e das guerras.

Da Igreja

E dos Ciganos.

Sejam vocês amantes do Piolim
ou da Tarantela

Nunca se esqueçam.

Jovens italianos

Vocês são os filhos de Mussolini,

e de Gomorra

frutos da guerra e de outras

Jovens italianos.

A culpa não é vossa

Mas não se esqueçam, nunca se esqueçam.

não adianta se precipitar
contra os capacetes,
sejam eles azuis, vermelhos ou caqui.

Olhem para os lados
e deixem os mais tímidos gritarem mais alto.

Olhem para os Outros.
Sejam utópicos.

Jovens italianos não se esqueçam.

E dancem mais.

Mas não se esqueçam.

Já não há mais molotov.
Nossos pais beberam todos
até a última gota.

Não nos deixaram nada
Além da Liberdade.

Jovens italianos não se esqueçam!
das noites,

Das Uvas

e do sol.

Jovens italianos

Filhos do fáscio,

vocês já sabem e ensinarão
que não existem coisas puras.

Que não existe mais Padania.
Que todo sangue é escarlate,
que todo sêmen é branco
e que a Alma

não tem Cor.

Jovens italianos não se esqueçam
que são filhos de Mussolini.

Mas vocês também são

Netos de Gramsci,

primos de Totó

e irmãos

de Carlo Giuliani!

Jovens italianos.

Não é por acaso que o epicentro de um novo fascismo no Milênio
nasce no vosso país.

A vaidade e o preconceito fazem parte das almas romanas, que ainda ardem nas chamas de Nero. Elas vêm bater à porta dos primeiros frustrados e outros milionários de uma era que ainda não perdeu

Maquiavel.

Jovens italianos, não se esqueçam

Este fogo, que já dura há muito tempo,
vocês hão de apagar.

Para isto não esperem nada de ninguém.

Façam, Abraçados!

Jovens italianos não se esqueçam,
que vocês foram abençoados.

Mas por enquanto não se esqueçam

Não se esqueçam

que vocês gritarão, e serão

E ainda são

JOVENS!!!

11.05.2008

Parabéns Obama. Parabéns à vocês



Eles estavam esperando.

O mundo estava esperando

atrás das grades.

Estes aqui, não esperavam nenhum messias. Eles sabem que qualquer negro presidente de um país, do maior, não senta à mesa para derrubá-la. Nenhum político o faz.

Mas algumas coisas vão melhorar, as bolsas que o digam. E eles também.

O mundo é complexo, minhas reflexões também.

Mas a vontade destes que estão olhando por trás dos muros não.

Ela é simples

é a de atravessar os sertões e outras veredas que separam o Eldorado da Exclusão.

Obama, por favor:

ajude. Um pouco. Não muito.

Os filhos de Zapata sabem se matar,
para não pertubar o sono eterno dos Zelotes de Massada, e dos Black Panthers Dizimados pela heroína colhida com Napalm em Vietnã.

Obama, não decepcione por favor

Os Outros acordaram

sua vitória não foi por maioria.

Mas foi sim,

DAS MINORIAS

11.04.2008

"NON paghiamo NOI la VOSTRA crisi!"




"A Italia está vivendo um período agitado de revolta contra a chamada reforma Gelmini, que reúne um amplo movimento de estudantes universitários, e de escola primária, mas também de professores, pais, empregados da universidade e sindicatos. A Lei 133 se presenta como ataque ao ensino publico e prevê um corte de mais de 8 bilhões de euros nos próximos 5 anos. Isso se alcançará entre outros com a não-prorrogação de mais de 140.000 contratos de trabalho (já bastante precários) no campo escolar e universitário, o fechamento de muitas escolas em áreas rurais, a comercializaçao e até privatização total das universidades. Não faltam tambem acentos racistas, como as classes separadas para filhos de imigrantes com baixo conhecimento de italiano."

Fonte: midiaindependente (ver Linkanóis)
Foto: LOcusta (http://www.flickr.com/photos/locusta_web)
Comentários: ?! Aguardarei desfechos para dar o meu. E vocês?
Ver Também: http://italy.indymedia.org/
Em Breve: um canto à juventude Italiana.
Agora: Abraços

ESSE CARA...É O PABLO!



Ou pedrô, pavlov, ou Oblomov. Ou como quiserem chamar.
Neruda, Picasso ou Escobar? Não, Barbosa! E timaiênse...

Bem, não sei direito por onde começar, porque ele não precisa muito de apresentações. Enquanto você está lendo esta linha, ele já devorou tua alma, deu risada, depois fez uma bolinha com caquinha de nariz e tacou com peteleco.

Esse cara. Bem, esse cara eu conheci melhor em Paris, onde fui morar com ele, aos 18 anos. Ele não é fofoqueiro. Ele não fala, ele olha, pra dizer , calado, que já te viu.

É a incarnação pura e junvenil de Dorival Caimmy. Fez antropologia em Nanterre. Trabalhou em padaria cuspindo nos sanduiches que os parisienses comiam, gostavam, e pediam mais: “maionese, mayô, s'il vous plaît”.

Frequentou todas as delegacias de polícia da região para manter o visto, e uma vez foi para dormir bêbado mesmo, e eu tava junto. Agora ele desbrava os matos grossos de fazendeiros, fugindo de tiros, para salvar os guaranís.

Ele tem um irmão, seu protetor: um puro Black Flag, amoroso e da pegada - para saberem mais, leiam o post sobre o “caráter destruidor”.

Pablo tem sobrancelhas grossas, duas taturanas, a pele mulata, a estatura de cearense, nariz de preto.

Feio? Não, cuidado, se ele já não comeu sua mulher, é porque ela não está entre as mais belas da cidade. Mesmo se ele não estiver por perto! Porque se for o caso, ele há de estar com lindas mapuches, guaranís e outras mais.

Bebendo caichoeira. O nome dele é Pablo.

Ele tem cara de Libanês. E sorriso de safado. Ele é meu irmão, de adoção.

Ele não vem da Bahia. Ele veio do teu coração, se este for bom. Senão, ele já te curou.

Ele está deitado numa rede, pensando, curando, dorivando...

Não vou demorar. Na guerrilha verbal, estou montando uma barricada.
Ele é atirador de elite. Fiquem com ele, ele é nosso, ele é o teu, Pablo:


"Hoje é sábado

Como no poema de Vinicius.
O tempo anda chuvoso
e nas ruas só se vê verdes folhas
dormindo no chão.

Homens velhos e mulheres gordas
De roupas se cobrem.
Manto após manto
Camadas de furdûncio

Nas administrações, nas regionais e nas delegacias,
O inverno causa tristezas a pobres
ESTRANGEIROS
N° 000300702
Que perdem o dia.

Ao menos numa tarde qualquer
Sempre é possível
Entrar num restaurante universitário
E pedir um prato de batatas fritas
Com hambúrguer."

ACORDA LISBOA! O Barreiro está a gritar...



A Arte Viva – Companhia de Teatro do Barreiro estreia no próximo dia 7 de Novembro, às 22h00, no Teatro Municipal do Barreiro, o espectáculo Justamente, de Ali Smith, com encenação de Jorge Cardoso e Carina Silva. A peça foi escrita em 2005 para o Festival NT Connections (projecto do National Theatre of London) e integrou o Festival PANOS (Palcos Novos Palavras Novas), em Portugal, organizado pela Culturgest, em 2006.

Para mais informações, imagens ou pedidos de entrevista não hesitem em contactar-nos.
Joana Pimpista: 96 454 47 47 Paula Magalhaes: 91 437 45 35

Se não forem, apareçam!
Beijos