10.28.2008

HOMENAGEM AOS ANTROPÓLOGOS DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA




Eu gosto de escrever poemas calado no mais puro silêncio. Porém estudar, ler e escrever qualquer coisa é uma atividade que me exige ouvidos apontados para música boa e apropriada.

Maria Goretti me presenteou uma primeira versão da nova edição de Aromas de Urze e de Lama, sem autorização do autor (é assim que eu gosto).

Estou muito feliz de estar de volta em são paulo, obrigado. Estou com muitas ofertas de emprego, de coragens, idéias para novas teses alegres, mais religiosas e menos políticas ou mafiosas, sem perder a força do escudo anti-capitalista que minha mestra Bastos ajudou-me a desenhar.

Meu psiquiatra disse que eu estava afogado em emoções. E que a escrita, para mim, é natação. Ele só pediu para parar de ler Walter Benjamim, Conde de Lautréamont e Rimbaud, por enquanto. Mas estou feliz, pois tenho aromas de urze e de lama na minha cama.

Mas hoje tive muita dificuldade para aliviar meu coração selvagem. Comecei o livro, durante horas não passei do prefácio. Isto porque depois da leitura do poema introdutório começou a tocar o disco do Bob Dylan, Mississipi. Me desculpem, mas não consegui me adiantar. Bob Dylan trava minha cabeça. Assim não dá. Por isso, comecei a escrever sem internet, isto que dedico à vocês, Tios Antropólogos do mestrado IcêéSciano:

Tio Granjo, peço licença para te chamar assim. Não é pelo porte físico ou pela postura de Guidieri português. Não. Nem por causa dos cigarros ou do antropocoiso. Mas porque na primeira aula ouvi de ti uma frase que resume tudo que sei: Não existem coisas puras!

Agora posso ir às putas...

Tio Sarró, mestre cansado das olheiras religiosas. Grandiosas e ansiosas. Elas anseiam por Paixão. Guardo tua simpatia catalã no fundo do peito. És o terceiro mais simpático.

Agora posso ser sarcástico...

Primo Mapril, deculpe por agora, mas esta é para os mestres. Tu foste, mas ainda és, nosso colega.


Agora pedí licença...

Tio Sobral, ursinho de pelúcia maioral. Dá até um pouco de vontade de entrar para o Attac, mas dá muito mais de te abraçar. És o segundo.


Agora mandei bem...

Tio Vasconcelos. Não é porque tens pinta de surfista, que és o primeiro no quesito simpatia. Não é porque você postou um vídeo no teu antigo blogue com Mick Jagger e Peter Tosh a cantarem juntos. Também não é porque nos fizeste viajar no tempo até ao Havaí. Nem porque nos apresentou aquele francês que fala da crença dos gregos, e tem cãibra na cabeça de tanto dar aulas no Collège de France. Mas sim porque cantaste com a malta no Karaokê CHINÊS!


Agora já era mesmo.

Tia dos Matos ou Viegas, a que corre por vielas. Assusta, um pouquinho. Mas é gente fina, os Tupinambás que o digam. Os de Olivença!

Agora preciso dizer mais poucas coisas...

Tio Pina Cabral, Doutor entre os doutores; sem palavras. Método? Não, etno-poesia!

Agora vai:

Tia Bastos, mestra! Eu já tinha a espada de São Jorge, me deste o escudo de Ogún...

Agora posso dizer
pra terminar

(aos desconhecidos não se importem,
aos que acham que estou a ser lambe botas
que se fodam.)
aos colegas, não posso mais, me cansar, e por agora não dá para falar do meu enorme amor por todos: problemas de tempo e de espaço.

Fiquem tranqüilos quanto à minha pessoa. Em casa de minha irmã há uma rede. E tenho sobrinhos...aqui, sou amigo do Rei.

Agora posso começar, Em Limbo!


Tia Goretti. Obrigado. À todos. Muito!


Patrick Liebermeister Figueiredo