1.26.2011

Os abraços por dar

Tenho um vaso pequenino
Que é bonito, porém frágil
Tal poeta anêmico
Chorão em mundo vil

Tenho um pequeno vaso
Que é só meu
Um vento passou
O vaso caiu, em pedaços quebrou

Não sei mais com que maneiras
Colei cada pedaço
Com mel e precaução
Os contornos do meu vaso.

Era novo
De novo
Esse meu vaso (as horas que me faltam não permitem parar aqui)
Mas o vento que voltou, numa corrente
Nele tropeçou

O trabalho foi então em vão
Caiu no chão, com mais falhas
E em migalhas no salão

Recaiu meu vaso
Recolarei meu vaso?
Vida, até quando perturbará
Esse vento o meu vaso?

Recolho o tempo escasso
Já não recolo vasos
E com ele vou quebrado
Nos transportes
Numa rua, a passos largos

Sob olhares de descaso
Com avisos sem, cuidado!
Que vais quebrar teu vaso

Aperto-o num abraço
Invisível, cada vez mais 
Ele é só meu
Impossível que só
Sinto cem pequenos rasgos, quando minto

Vou quebrar cada pedaço
Em outros mais
Muito mais
Para esquecer o quanto fiz
Da sua areia, farei giz.