Tenho um vaso pequenino
Que é bonito, porém frágil
Tal poeta anêmico
Chorão em mundo vil
Tenho um pequeno vaso
Que é só meu
Um vento passou
O vaso caiu, em pedaços quebrou
Não sei mais com que maneiras
Colei cada pedaço
Com mel e precaução
Os contornos do meu vaso.
Era novo
De novo
Esse meu vaso (as horas que me faltam não permitem parar aqui)
Mas o vento que voltou, numa corrente
Nele tropeçou
O trabalho foi então em vão
Caiu no chão, com mais falhas
E em migalhas no salão
Recaiu meu vaso
Recolarei meu vaso?
Vida, até quando perturbará
Esse vento o meu vaso?
Recolho o tempo escasso
Já não recolo vasos
E com ele vou quebrado
Nos transportes
Numa rua, a passos largos
Sob olhares de descaso
Com avisos sem, cuidado!
Que vais quebrar teu vaso
Aperto-o num abraço
Invisível, cada vez mais
Ele é só meu
Ele é só meu
Impossível que só
Sinto cem pequenos rasgos, quando minto
Vou quebrar cada pedaço
Em outros mais
Muito mais
Para esquecer o quanto fiz
Da sua areia, farei giz.